Merce Cunningham

O ano de 2009 está a ser um ano de perda de grandes figuras da Dança Mundial.
Depois de Pina Baush, faleceu ontem, em Nova Iorque, o coreógrafo Merce Cunningham, aos 90 anos.
Foi percursor de duas tendências da dança moderna americana (Pos Modern e a Nouvelle Dance) e marcou a evolução da dança ao relacioná-la com as artes plásticas e com a música contemporânea. Merce e John Cage trabalharam em conjunto desde os anos 40 até à morte do compositor, no início da década de 90.

Gao Xingjian expõe em Sintra

O Prémio Nobel da Literatura de 2000 é também dramaturgo, crítico e pintor.
É o seu trabalho como artista plástico que pode ser apreciado no Sintra Museu de Arte Moderna - Colecção Berardo, desde o dia 27 de Junho.
A colecção tem o título de Depois do Dilúvio e é composta por 78 obras a tinta-da-china sobre papel e tela.

Alice no reino da Suécia

A escritora Alice Vieira viu aumentar o número de prémios em 30 anos de carreira literária.
Desta vez foi o Prémio Peter Pan (atribuído anualmente a um livro infantil ou juvenil, de autor estrangeiro, pela Feira do Livro de Gotemburgo e pelo International Board on Books for Young People -IBBY-).
A Estrela de prata distinguiu a obra Flor de Mel , publicada em 2008 pela editora sueca Lusima Böcker. Em Portugal, o livro foi publicado pela Caminho, editora habitual de Alice Vieira.
O prémio será entregue à autora em Setembro.

Um poema escrito a pincel

"Pintura é a vida, a verdadeira vida, a minha vida."
Victor Brauner

Victor Brauner (1903-1966)nasceu na Roménia.
Começou por pintar paisagens, inspirado em Cézanne, passou pelo dadaísmo, abstracionismo e o expressionismo, mas foram as suas obras surrealistas que o tornaram célebre.
Participou em várias exposições internacionais, entre as quais, Paris, Bruxelas e Nova Iorque.
No ano da sua morte, foi escolhido para representar a França na Bienal de Veneza.
Foi também escritor, trabalhou com ilustrações e arte fotográfica.
Luíza Neto Jorge escreveu o poema Um quadro de Brauner inspirada na sua obra.


Brauner põe-se a pintar
a procura o fundo apego
do homem à pele do medo

Desfaz as linhas do corpo
como se linhas da mão
dá ao sexo o lugar
que dá à flor

Brauner pinta com a língua
ou outro orgão do amor
o que o braço não podia

tanto é a cor mais dura
com o peso da sabedoria

Mostrar um pássaro na mão
é o que Brauner consegue
mas tão somente essa mão
pica no pássaro que a fere

Mostrar o orifício oco
da orelha colocada
no lado onde a sentimos
ouvir e morrer calada
sobre o veneno do bico
tentando beijá-lo abri-lo
tentando ouvi-lo escutá-lo

O ser que pode ser
aquilo que Brauner não quer ser
move-se na tela com o medo

de quem perdeu a sombra
num deserto ao meio-dia
uma claustrofobia
do espírito dentro da luz

Luiza Neto Jorge, Poesia, Assírio & Alvim, 1993, pp. 82-83

Capa Mole em cabeça dura, tanto vende até que perdura.

Trocadilhos fáceis à parte, o projecto é pioneiro.
A Caminho lançou, hoje, a colecção Borboletras que pretende publicar onze títulos da literatura para a infância até o final do ano.
Todos os livros têm capa mole e são de autores e ilustradores consagrados.
A editora ao optar por capas moles, consegue vender as obras a preços mais acessíveis a todas as bolsas: seis euros e noventa!
Pode chegar, assim, a mais crianças e levar a literatura de qualidade a mais leitores.
Iniciativa louvável no comércio do livro infantil em Portugal!

Burton no país das maravilhas

Reconhece-os?
São os actores Johnny Depp e Helena Bonham Carter, habituais presenças nos elencos dos filmes de Tim Burton, e Anne Hathaway como Rainha Branca.
É apenas uma pequena amostra de um elenco de luxo que o realizador reuniu para o seu novo filme (Alice no País das Maravilhas)a estrear em Março do próximo ano.
Outro realizador com novo fime é Woody Allen.
O cineasta volta à sua cidade: Nova Iorque e conta com a colaboração do actor Larry David (foto), protagonista da série Calma, Larry.
O título do filme é Whatever Works e conta a história de um cientista orgulhosamente só que julga ser o dono de toda a verdade, até que surge uma jovem...
O filme ainda não tem data de estreia em Portugal.

Um sueco na noite de Coimbra

Jens Lekman actuou, ontem, no Salão Brazil, em Coimbra e hoje é a vez dos Maus Hábitos, no Porto, receberem o músico.
Pode ser a primeira e última oportunidade de ouvir o sueco ao vivo em Portugal, uma vez que o cantor e autor diz ter visto a sua produtividade ser afectada desde o ano passado. Um ano que parece ter sido muito negativo a nível pessoal.
É, assim, de não perder o concerto de hoje, às 23 horas (ou de reter na memória o da noite passada), deste intérprete de letras autobiográficas repletas de desencontros amorosos escritos na primeira pessoa.

Homenagem a Maria Keil

Algarvia, de Silves, pintora, fez publicidade, cenários e figurinos para bailados, desenhou selos e azulejos, entre outras e variadas coisas.
Foi através da ilustração em livros para a infância (também escreveu e ilustrou os seus próprios livros, para a infância e para adultos) que eu fiquei a conhecer algum do trabalho de tão ilustre senhora.
Foi hoje entregue o Grande Prémio Aquisição/2009 da Academia Nacional de Belas Artes a tal individualidade nacional.
Parabéns, Maria Keil!

Boas leituras

Estreia auspiciosa e logo premiada com o Man Booker Prize em 2008.
O Tigre Branco é um relato irónico sobre a maior democracia do mundo (a Índia).
Balram Halwai, de casta inferior, cedo foi descrito, por um inspector à escola que frequentou, como uma criatura que só aparece uma única vez em cada geração, comparado com os seus pares, como um tigre branco.
Jovem adulto trabalha como motorista de um membro da elite mas a sua ambição é ainda maior e acabará por se tornar um empresário de sucesso.
Num país de contrastes gritantes, em que a ascensão social é quase impossível para aqueles que nasceram sem nada ou muito pouco, só através de um acto imoral ele consegue saber o que significa não ser criado.
Uma crítica inteligente e um humor acutilante de um escritor indiano que passou a maior parte da sua vida na Austrália e nos Estados Unidos (Aravind Adiga).

Páginas Tantas

A Quasi Edições publicou, no passado dia 8 de Junho, Últimos Poemas de Nuno Rocha Morais.
São, de facto, os últimos, mas, também, os primeiros poemas do poeta.
Nuno Rocha Morais era coordenador linguístico do departamento de língua portuguesa na Comissão Europeia (Luxemburgo).
Morreu, aos 34 anos, no ano passado.
Esta estreia póstuma tem prefácio de Joana Matos Frias e ilustrações de Rasa Sakalaité (esposa do poeta). A obra é composta por 20 anos de trabalho poético deste licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Um (belo e merecido) registo para que o poeta nunca morra.

"Foi assim que partiste, a meio do meu nome,
Com o meu nome partido ao meio,
De que só me ficou o oco
E é de dentro dele que uma voz escura se derrama,
Incrédula e com medo, incrédula e com medo.
À volta, tudo continua, a grande montra do mundo,
O comércio de vivos e mortos,
A respirar dióxidos e monóxidos
Da ilusão de que a vida continua" (págs. 88-89).

Luzia Lage

A pintora recria rostos e corpos femininos, paisagens junto ao mar, cenários de espera em que o tempo pára ou parece não passar.
Lembra o imaginário de um povo, como o nosso, de navegadores e de pescadores, enquanto as mulheres contemplam o oceano ansiando o retorno de quem tarda em voltar ou nunca mais o fará.
Quais Penélopes lusas!

Boas notícias para uma fan

Vamos por partes.
Em primeiro lugar, os Pixies já têm datas marcadas para fazer uma tourné, na Europa, dedicada ao disco Doolittle, trabalho que comemora este ano o seu 20º aniversário.
Dessas datas ainda não consta nenhuma cidade Portuguesa, mas fico à espera que tal ainda venha a acontecer.
Sem ensaios ou arranjos gravados, o músico Beck, todas as semanas, convida amigos para gravarem clássicos.
O primeiro brinde é Sunday Mornig dos Velvet Underground.

Record Club: Velvet Underground & Nico 'Sunday Morning' from Beck Hansen on Vimeo.

Lar Doce lar

Mais um filme que gostaria de ver em Coimbra.
Por agora estreou, apenas, em Lisboa e Porto.
A realizadora é a suíça Ursula Meier e os principais protagonistas são Isabelle Huppert e Olivier Gourmet.
Na revista Les Inrockuptibles alguém escreveu que o filme era um encontro milagroso entre o cinema europeu e o cinema americano feito por alguém que tinha visto Bergman.
Dá vontade de ver, não dá?

...e foram felizes para sempre?!

O projecto intitula-se Fallen Princesses e é autoria da fotógrafa canadiana Dina Goldstein.
E depois do final do(s) conto(s) de fadas?
Eis, aqui, alguns dos prováveis cenários para Bela, Branca de Neve e Cinderela!...